Olaria busca recuperar relevância, mais perto de voltar à Série A (FOTO: Vinícius Gentil/Olaria AC) |
08/03/2023
O torcedor do Olaria não teve muito do que reclamar em 2022. Vindo da terceira divisão do Carioca, o Azulão fez uma ótima Segundona, conquistou a Taça Corcovado, chegou à final da Série A2 e só perdeu o acesso para o Volta Redonda. Apesar da frustração, o clube viveu sua melhor temporada desde 2011, quando ainda estava na primeira divisão estadual e chegou a incomodar os clubes grandes. Anos de frustração que deram lugar à esperança por dias melhores.
Na última temporada, o Olaria teve números empolgantes e, principalmente, vitórias emocionantes, o que há muito tempo não se via. A arrancada para a classificação nos dois turnos da Segundona, com a conquista do segundo, foram memoráveis. O Azulão ganhou sete jogos na A2, com quatro empates e cinco derrotas. Marcou 21 gols e sofreu 19. O aproveitamento é comparável com o de 2011, quando foi semifinalista da Taça Rio e terminou a primeira divisão em um honroso sexto lugar. Naquele ano, foram oito vitórias, cinco empates e cinco derrotas. Um alento merecido para a torcida, que viveria momentos de tristeza e incerteza por longos anos a partir de sua última grande temporada.
Para 2023, a expectativa está renovada. Na Segundona pelo segundo ano seguido, o time vem de um vice-campeonato e promete manter a tradição de brigar na parte de cima da tabela. Embora ainda não haja reforços confirmados até a primeira semana de março, há um clima interno de otimismo para que o clube possa regressar ao nível mais alto do futebol carioca. Neste ano, completa-se uma década desde que a equipe caiu e não voltou mais para a Série A.
Antes da bonança, chuva de fracassos
Nesta década marcada por decepções, problemas de organização e algumas derrotas inexplicáveis, o Olaria viveu um calvário. Apesar de uma temporada relativamente regular em 2012, tudo desandou a partir do ano seguinte. Sem sequer poder treinar em uma interditada Rua Bariri, o elenco precisou recorrer ao campo do coirmão Bonsucesso para seus treinamentos. Nem a contratação dos 'medalhões' Mehmet Aurélio e Léo Rocha salvou o time da segunda pior campanha na Série A. E veio o rebaixamento.
Os anos de Segundona renderam muita dor de cabeça para a torcida. Aliás, foi ela que teve grandes desentendimentos com as comissões técnicas e a diretoria, liderada pelo então presidente Augusto Pinto Monteiro, o Pintinho. Crises, discussões e até tentativas de invasão de campo eram comuns. Em campo, o time viveu duas temporadas com alguns bons momentos: em 2014, foi à final da Taça Santos Dumont (primeiro turno da segunda divisão) mas perdeu para o Barra Mansa. Dois anos depois, semifinalista da Taça Corcovado, disse adeus ao acesso ao ser superado pelo Americano.
Um dos pontos mais baixos do Olaria neste período foi a temporada de 2018. Com seu futebol arrendado por uma empresa paulista, o clube começou a Segundona com um time formado quase inteiramente por desconhecidos e treinando fora do Rio de Janeiro. Ainda pior: entrou em campo nos primeiros jogos com um uniforme descaracterizado e que sequer cumpria os requisitos do estatuto. Só com muita reclamação da torcida é que a diretoria interveio, rescindiu com os empresários e tocou o futebol por si própria. No fim, o rebaixamento foi evitado.
Mesmo assim, o estrago já era grande e o Olaria não teve a mesma sorte em 2020. Uma fraca campanha empurrou o clube para a terceira divisão do Rio pela primeira vez, graças a uma zona de rebaixamento gigante e que engoliu vários outros clubes, como o Bonsucesso. Muitos temiam que esse poderia ser o desaparecimento do clube que já teve Garrincha, Canário, Cané e Ricardo Rocha, entre outros craques.
Olaria se recuperou após anos de seca e até nova queda (FOTO: Vinícius Gentil/Olaria AC) |
Empresa gestora revitaliza o clube
Foi no final daquele 2020 que o Olaria deu o passo decisivo para mudar de patamar. O clube assinou um contrato com a empresa Ric's Sports, do empresário Ricardo Gonzaga. A firma passou a responder pelo futebol olariense e a administrar a pasta diretamente. O grupo chegou à Rua Bariri falando em revitalizar o clube e invocando sua essência e tradição centenária. Em alguns meses, o trabalho começaria, de fato, a render frutos.
Após a morte de Pintinho, definitivamente os ares em Olaria já eram outros. A descentralização do poder em apenas uma pessoa fez o clube avançar alguns passos em negociações e na solução de burocracias. Um grupo de trabalho tratou de reformar o estádio, de modo que este pudesse voltar a receber jogos com público, o que vinha sendo uma dificuldade recorrente nos anos anteriores. Além disso, o gramado e as estruturas internas também foram renovados.
Em 2021, o Olaria jogou sua primeira Terceirona de cabeça erguida. E, com um time forte para a divisão, conseguiu ser campeão mesmo sem ganhar nenhum dos dois turnos, ambos vencidos pelo Pérolas Negras. No fim, o acesso e o título coroaram um ano de recuperação do orgulho. Após a temporada de 2022, é possível dizer que a manutenção deste mesmo orgulho foi conquistada junto a uma exigente torcida, que agora até já se permite sonhar de novo com a Série A do Carioca.
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